Dois municípios cearenses vivem um impasse político e administrativo. Santa Quitéria e Choró seguem sem prefeitos titulares devido a investigações e desdobramentos de operações policiais que atingiram diretamente seus gestores eleitos.

Em Choró, a situação já dura três meses. O prefeito eleito, Bebeto Queiroz (PSB), continua foragido da Justiça após a deflagração da Operação Vis Occulta, da Polícia Federal (PF), em dezembro do ano passado. Ele é alvo de um mandado de prisão preventiva e é acusado de envolvimento em um esquema de corrupção que desviava recursos de emendas parlamentares para a compra de votos em diversas cidades do Ceará.

De acordo com a PF, as investigações revelaram dezenas de transferências financeiras feitas por Bebeto e seus aliados para eleitores e candidatos. O prefeito eleito teria cometido abuso de poder econômico e liderado um esquema de caixa dois, no qual contratos públicos foram direcionados a empresas vinculadas a uma organização criminosa.

O caso também envolve um oficial da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e o deputado federal Júnior Mano (PSB), que, segundo as investigações, teria participado da estratégia criminosa. O parlamentar, porém, nega qualquer envolvimento.

Em Santa Quitéria, o prefeito reeleito José Braga Barrozo (PSB), conhecido como Braguinha, foi preso sob acusação de envolvimento com uma facção criminosa. Segundo o Ministério Público Eleitoral (MPE), Braguinha teria utilizado o grupo criminoso para coagir eleitores, candidatos e até funcionários da Justiça Eleitoral durante as eleições do ano passado.

Com a prisão do gestor, a prefeitura foi assumida interinamente pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Joel Barroso (PSB), que é filho de Braguinha. A posse dos vereadores e a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara ocorreram no dia 1º de janeiro, consolidando a transição temporária do comando do Executivo municipal.

A ausência de gestão efetiva nos dois municípios preocupa a população e gera instabilidade administrativa. Enquanto Choró aguarda desdobramentos da Operação Vis Occulta e a localização de Bebeto Queiroz, Santa Quitéria enfrenta um cenário político indefinido, com a permanência de um prefeito interino que tem relação direta com o gestor afastado.

A expectativa é que, nas próximas semanas, novas decisões judiciais possam esclarecer o futuro das gestões municipais e garantir a estabilidade administrativa para os moradores dessas cidades.